Disciplina: Educação Comunitária
Vídeo-aula 17: Transformações sociais,
currículo e cultura. Por Marcos Neira.
Visualizado em: 01/12/2012
A
aula partiu da seguinte indagação?
Como a sociedade veio se modificando nos
últimos tempos?
Sendo assim
apontado algumas transformações:
Globalização: Que
apesar de ter iniciado entre os Séc. XVI e XVII, foi apresentado nesta video mais focado nos últimos
50 anos.
Neste sentido
Marcos enfatizou as mudanças tidas na nossa alimentação, como por exemplo, os restaurantes
“self service”, os quais antigamente era “A La Carte” ou até mesmo “Prato Feito”,
e hoje em dia em uma mesma refeição podemos ter acesso á vários tipos de
alimentos, peculiar de diferentes regiões do Mundo.
A indústria
cultural, também é outra que oportuniza o acesso a diferentes formas de
cultura, por exemplo, os rádios que tocam musicas de vários países de vários
idiomas. O tempo todo somos alcançado
por criações feitas em outro lugar no Mundo.
A globalização
também repercute na escola, afinal, ela envolve toda a sociedade e a escola é
algo inerentes de toda essa teia de relações, assim á partir da contextualização
da democracia, temos a inclusão de vários públicos na escola e na sociedade, os
quais eram negados esse acesso no passado;
A Sociedade então
passa a ser multicultural, isso tanto na escola, como na família.
Com todas essas
transformações a escola, passa a ter uma função social, uma circulação na
esfera pública de maneira qualificada, não mais um instrumento de
"adaptações" forçada do aluno na escola.
Neste sentido
começasse a refletir o currículo escolar, como forma de responder a essas
demandas e necessidades, considerando aqui, conforme pontuações de diversos
autores que “Currículo: é toda experiência proposta pela escola, ou a partir
dela”, ou seja, “Todo currículo é uma prática social e deixa marca”.
Assim, o
ministrante da aula, abordou ainda um pouco sobre as teorias curriculares:
* Teorias Tradicionais; objetivam recortar
um pedaço da cultura que acham válida, importante, interessante, erudita, por
parte de alguns grupos bem restritos e fazer com isso chegue ao conhecimento
dos alunos. Uma marca dessa teoria é que elas não colocam em questão o valor
desses conhecimentos, eles precisam ser apreendidos pelos alunos. Na década de
60 essa forma de entender o currículo foi altamente questionada pelos autores,
que diziam que essa forma de organizar o currículo, vinha fortalecer a
separação da sociedade em classes sociais. Esses autores ficaram conhecidos
como critico- produtivistas.
* Teorias Criticas: Teoria que colocavam em
cheque, questionavam os conteúdos e a forma defendida pelas Teorias
Tradicionais, dando enfoque principalmente a não separação da sociedade em
classes (Anos 60 e 80);
* Teoria pós-critica o entendimento de que
o currículo não está só empregado á partir dos conceitos de classe (a qual
também incorporaram), mas também de etnia, de gênero, de local geográfico, de
lugar de moradia, de faixa etária.
Assim é
salientado a importância de olharmos criticamente para todo o material
escolhido para trabalhar com os alunos e a sociedade escolar, indagando:
De que local
vem?
O que ele quer
dizer?
A quem está
referindo?
Como ele
posiciona as pessoas á respeito do tema?
Abordando sobre
cultura, vimos que a mesma traz os seguintes significados de acordo com cada
região:
* Cultura,
cultivar (Grécia Antiga);
* Estado de Espírito
(França Séc. XVIII);
* Associada à
razão e civilização (Iluminismo), separando os povos á partir da cultura;
* Fator de
identidade nacional (Alemanha, Sé XIX);
* Modo de
produção de classe (Inglaterra, séc. XIX).
Atualmente
temos uma mistura dessas diversas linhas.
Cultura, no
olhar da Antropologia.
* Evolucionista
(Tylor);
* Relativista
(Boas);
* Funcionalista
(Malinowiski), (Não promove a interação entre os diferentes);
* Sistêmica
(Durkheim);
*
Interpretativa (Geertz) (cada grupo social atribui significados específicos as
coisas do Mundo e logo cada grupo social está preso a isso).
Impulsionada e
alimentada pela referida aula, parti para uma troca, um diálogo com uma amiga
estudante de Ciências Sociais, Mariana Correa, a qual se identifica muito com
Antropologia a mesma contribui com os seguintes aprofundamentos:
Evolucionismo Cultural
- Apropria-se das ideias evolucionistas de Darwin (“A Origem
das Espécies”)
A humanidade é uma só (universalidade), a percorrer um único
caminho evolutivo. As sociedades não são exatamente iguais, são diferentes; mas
a diferença é de Grau (todas estão em diferentes estágios de evolução
cultural).
- Cultura no singular. (Cultura e Civilização – Tylor.) - A
questão da história (positiva) está presente.
- Comparação entre os estágios das diferentes sociedades
(Selvagem – Barbárie – Civilização; ordem crescente).
- Princípio etnocêntrico: “elas são o que nós já fomos”.
- O “selvagem”, o “primitivo” como um documento humano - daí
a necessidade de se comparar essas sociedades; comparar como num exercício de
anatomia (“dissecar” as sociedades “selvagens”, “primitivas”, suas partes e
classificar essas partes para identificar seus estágios evolutivos).
Objeto de estudo dos evolucionistas/antropólogos: a Cultura.
Relativismo (ANTROPOLOGIA
CULTURAL NORTE AMERICANA – Franz Boas)
- Os indivíduos são dotados de cultura.
Cultura: elemento central do ser humano.
Forma como enxergamos o mundo.
1) A ênfase está muito mais no cultural do que no social. O
cultural é percebido através dos caracteres distintos de cada sociedade e que
se apresentam no comportamento individual de seus membros bem como nas suas
produções específicas (religiosas, artísticas, artesanais.)
2) Abordagem empirista, que trata o tempo de forma
diacrônica (tempo em movimento). – reconhece a problemática da mudança.
3) Particularismo Histórico: pensar as mudanças da história
de uma cultura dentro dela mesma. – Nossas respostas se dão muito mais no
âmbito da cultura; estas não são determinadas pela natureza. Relação cultural
com o mundo.
4) Relativismo Cultural: A cultura é pensada por ela mesma. As
coisas são relativas a elas mesmas, relativas ao cultural.
- Relativismo de fundo metodológico: cada indivíduo vê o
mundo da perspectiva da cultura onde viveu. Apontada, portanto, a necessidade
de se relativizar as próprias visões de mundo (evitar o etnocentrismo).
5) A cultura é um sistema independente da natureza –
superação das limitações orgânicas. – a cultura possibilita que a natureza não
nos determine (pode influenciar, mas não determina).
- Comparação deveria se limitar a um território restrito e
bem definido, onde os estudos das culturas deveriam ser tomados individualmente
e em regiões culturais delimitadas. –
critica o método comparativo evolucionista
Funcionalismo ( Bronislaw Malinowiski) –
Tradição Britânica
- Perspectiva empírica; quando o
antropólogo vai a campo ele está produzindo ciência (legitimar campo de atuação
através do método). O mundo é uma realidade em si.
- Não problematiza a mudança. Explicar o funcionalismo da
cultura num momento dado.
- Conceito de cultura apoiado no
conceito de natureza humana, sendo este caracterizado por necessidades
biológicas a serem satisfeitas.
1. A cultura
é essencialmente uma aparelhagem instrumental pela qual o homem é colocado numa
posição melhor para lidar com os problemas específicos concretos que se lhe deparam
em seu ambiente, no curso da satisfação de suas necessidades.
2. É um sistema de objetos, atividades e atitudes, no qual parte existe
como meio para um fim.
3. É uma integral na qual os vários elementos são interdependentes.
4.Essas atividades e objetos organizados em torno de tarefas importantes
e vitais, em instituições tais como a família, o clã, a comunidade local, a
tribo e as equipes organizadas de cooperação econômica, política, legal e
atividade educacional.
5. Do ponto de vista dinâmico a cultura pode ser analisada numa série de
aspectos tais como: educação, controle social, economia, sistemas de
conhecimento, crença e moralidade e também
modos de expressão criadora e artística.
- Morfologia social: sociedade funciona através de partes
interconectadas que contribuem para o bom funcionamento do todo.
- Estudar uma sociedade que exista de maneira concreta e
real. Não pensa nas subjetividades.
Durkheim e a Escola de Sociologia Francesa
- A Escola Francesa dará o quadro
teórico de referência, os conceitos e os modelos que permitirão a afirmação da
autonomia do social frente a explicação histórica (Evolucionismo), geográfica
(Difusionismo), biológica (Funcionalismo), e psicologia (psicologia clássica e
psicanálise).
- Na concepção durkheiniana, a
Antropologia estava dentro da Sociologia.
-
Influências Positivistas: construir uma ciência do pensamento, da moral, das
relações sociais, seguindo os mesmos parâmetros das ciências naturais.
- A sociedade ultrapassa os indivíduos, logo não pode
ser explicada apenas com referência a eles; os indivíduos são constituídos por
ela. Um homem não social não seria um homem
.- Sociedade como uma realidade sua generis, portanto, só
pode ser explicada pelos Fatos Sociais.
Fato Social: sociedade
como “Coisa”, algo exterior ao indivíduo. Os fatos sociais se expressam por
instituições ou grupos.
1) Maneiras de agir, pensar, e de sentir que apresentam a
propriedade marcante de existir fora das consciências individuais;
2) Possuem uma capacidade de coerção sobre os indivíduos;
3) São ao mesmo tempo gerais numa dada sociedade e independentes de suas expressões
individuais.
- O limite do conhecimento é empírico, é aquilo que se pode
observar. Espaço de movimento, ação é muito estreito; não há como subverter a
ordem, pois ela se sobrepõe ao indivíduo.
- A coerção são os comportamentos ditados pela sociedade, a
qual o indivíduo acata por não ter margem para escolhas (nem sempre
perceptíveis; naturalização).
Divisão do Trabalho Social: nossas relações estão nisso
fundamentadas. Necessidade de uma organização social exige de nós uma
sociabilidade (é uma lei da natureza e também uma regra moral de conduta – se
põe a nós como um dever). “Aprender o seu papel é aperfeiçoar-se e cumprir sua
função”. Saber sua função - delimitada pela sociedade, e não pelo indivíduo.
Interpretativa (Clifford Geertz)
- Clifford James Geertz
(1926-2006) - Antropólogo estadunidense se destacou pela análise da prática
simbólica no fato antropológico, foi por três décadas o antropólogo mais
influente dos Estados Unidos.
-Estruturas:
matéria de que é feita a Antropologia Cultural e cuja ocupação principal é
determinar a razão pela qual este ou aquele povo faz aquilo que faz.
-
Qualidade
experimental da ciência social interpretativa: “Abandonar a tentativa de
explicar fenômenos sociais através de uma metodologia que os tece em redes gigantescas
de causas e efeitos, e, em vez disso, tentar explica-los colocando- os em
estruturas locais de saber, é trocar uma série de dificuldades bem mapeadas,
por outra de dificuldades quase desconhecidas”
-
“série de
interpretações reais de alguma coisa, transformando em antropologia formulações
sobre aquilo que considero as implicações mais gerais destas interpretações; e
um ciclo recorrente de termos- símbolo, significado, concepção, forma, texto (...)
cultura”
- desenvolver a habilidade de
analisar seus modos de expressão que se configuram no chamado sistema
simbólico.
Assim chegou-se então ao conceito de
Estudos Culturais
“Estudos Culturais: cultura enquanto campo
de lutas para validação de significados. A incorporação de uma forma de Mundo
que achamos interessante. Mas essa forma pode incluir algumas formas de
distorção e manipulação.”
Cultura, o olhar dos Estudos Culturais:
* Campo de lutas (Hall);
* Incorporação;
* Distorção;
* Resistência;
* Negociação (Resignificação e incorporados
pelo outro grupo).
Entrando um
pouco na subjetividade do meu ser, gostei muito desta vídeo aula, uma vez que
conhecer a intencionalidade e até mesmo o “campo de luta”e de construção intelectual
que permeiam as linhas curriculares facilita o entendimento das posturas profissionais
adotadas pelos professores, o que muitas vezes pode se dar inclusive no sentido
inconsciente da atuação.
Percebe-se
ainda a importância da mistura, na inclusão e da abertura para novas formas de
significação e significados as questões construídas e vividas, afinal somos
sujeitos do processo.
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